Dica Duca – POWERS

…quem vigia os vigilantes?…

A Dica Duca de hoje mantém a vibe de polícia e ladrão que invadiu o espinafrando com Criminal, mas inverte os sinais: ao invés dos criminosos de Ed Brubaker, Powers acompanha o dia-a-dia de dois policiais da divisão de homicídios de uma outra cidade sem nome dos Estados Unidos.

Ah, e enquanto você está lendo isso, saiba que a série em quadrinhos está sendo transformada em série televisiva, com gente de carne e osso e supervisionada pelos próprios criadores. Produção do canal F/X. Deve ser o próximo hype, como Walking Dead.

Powers

(torceremos para que o F/X brasileiro já tenha revisto sua política de dublar toda a programação quando Powers aportar por aqui)

Powers

porque é bom

A famosa pergunta de Watchmen (who watches the watchmen?), a obra seminal de Alan Moore e Dave Gibbons, é meio que respondida na série Powers, com arte de Michael Avon Oeming e roteiros do prolífico Brian Michael Bendis.

O mundo de Bendis e Oeming é povoado de super-heróis e super-vilões. E cabe aos detetives Christian Walker e Deena Pilgrim botar ordem no caos. Afinal, mesmo os poderosos justiceiros estão sujeitos aos meandros da justiça.

É uma premissa fantasiosa, que pode enganar os preconceituosos à primeira vista. Um pouco também devido à arte cartunesca que lembra muito (propositalmente) os desenhos animados de Bruce Timm –como a série animada do Batman, com seu queixão quadrado à la Jay Leno. Mas a pegada da HQ é bem realista. E cheia de elementos noir também.

Powers

Assim como Criminal, Powers também é quadrinho autoral e também publicado pelo selo Icon da Marvel (começou a ser publicado pela Image Comics).

No Brasil, o primeiro arco saiu pela editora Devir (Quem matou a Garota-Retrô?). Mas se você quiser partir pras cabeças, o espinafrando recomenda o livrão da Panini: traz os primeiros 11 números, mais uma tonelada de extras — entrevistas, livro de colorir, capas das edições individuais, capas alternativas, esboços, tiras, o roteiro completo da primeira edição e uma escatológica coleção de cartas de fãs –que esperamos que sejam todas fictícias, pelo bem da humanidade.

Pra quem conhece um pouco de história dos quadrinhos, Bendis é uma espécie de cruzamento de John Byrne (criatividade/produtividade) com Frank Miller (arrojo/controle narrativo). É o principal arquiteto do Universo Marvel, com passagens brilhantes pelo Demolidor e Vingadores (no universo tradicional), além do Homem-Aranha do universo Ultimate, uma espécie de segunda chance pra recontar histórias dos heróis Marvel, com cronologia própria. É um roteirista dos mais completos: diálogos sempre afiados, domina ritmo e linguagem como poucos.

Não à toa, a série ganhou o Eisner, o Oscar dos quadrinhos (que tem um pouco mais de critério artístico do que o Oscar dos filmes, só pra constar).

Powers é pra fãs de CSI, Arquivo X, Nova York Contra o Crime e superheróis, não necessariamente nessa ordem ou ao mesmo tempo.

porque é duca

As tramas são bem amarradas, sempre com um twist de tirar o fôlego. Os personagens são carismáticos e verborrágicos, no bom sentido.

Mas acima de tudo, Powers acerta na relação Mulder/Scully entre os dois protagonistas.

E no retrato de um cotidiano que mistura o marasmo da burocracia, investigações meticulosas, alguma ação fantástica, seres com poderes mitológicos mas que são tão normais quanto qualquer um por trás das máscaras e, em meio a tudo isso, a dificuldade de encarar garotinhas que perguntam “O que é clitóris?”

update

Powers

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