…Deus salve o Queen!…
Tem um exercício que adoramos fazer aqui na redação do espinafrando: escalar a melhor banda de rock all-star de todos os tempos, daquelas para arrebatar qualquer estádio do mundo. É muito simples: pegue seus baterista, baixista, guitarrista e vocalista preferidos e forme uma superbanda. A única regra é que, de alguma forma, tem que haver um senso de conjunto entre os integrantes. Não dá pra juntar o baixo suingado do Flea com a guitarra etérea do Johnny Greenwood (Radiohead), por exemplo. Não dá liga.
O problema desse jogo é que essa superbanda perfeita já existe (ou existiu) na vida real e era formada por Roger Taylor, John Deacon, Brian May e Freddie Mercury.
E nesta reedição especial em DVD duplo dos shows de Wembley, você tem a oportunidade de ver ou rever uma das maiores bandas de rock de todos os tempos quebrando tudo ao vivo. Senhoras e senhores, o Queen!
(tremei, Rock in Rio!!!)
porque é bom
Além do já clássico show de 12 de julho de 1986, essa edição de aniversário traz também a gravação na íntegra do dia anterior, feita pela equipe como um ensaio de luxo pro produto final. São 26 cancões na sexta e 28 no sábado, totalizando quase 4 horas de Queen ao vivo em versões geralmente mais rápidas e mais pesadas. O que não é pouco.
A Magic Tour foi a última turnê da banda (embora esses não tenham sido os últimos shows, como veremos adiante), e a trupe da rainha deu tudo de si para fazer o maior espetáculo que já deram, após o sucesso do Live Aid no ano anterior.
Uma banda no auge, embora não na melhor forma: apesar de gigantes ao vivo, o Queen sempre foi vítima de sua excelência em estúdio, particularmente Freddie Mercury. Sua voz nem sempre alcança as notas mais agudas. Mesmo assim, ele acaba suprindo as deficiências na maioria das vezes com os vocais de apoio do baterista Roger Taylor ou envolvendo a plateia e criando momentos verdadeiramente mágicos.
É pena que a apresentação de sexta mostre um Freddie mais inteiro, já que as filmagens são mais experimentais, com enquadramentos e edição esquisitos.
Mesmo assim, os shows são de arrepiar os pelos do braço. Até quem não gosta da banda há de admitir que poucas outras são páreo para o Queen numa arena. O palco, um dos mais avançados da época, passa vergonha perto da extravagância dos megashows de hoje em dia, mas o que sustenta tudo são a energia e a técnica da banda e o carisma inigualável de seu frontman.
E apesar de tudo ter sido milimetricamente ensaiado, há bastante espaço para o improviso. O destaque fica para o trecho acústico, quando os 4 integrantes se despem de toda afetação para se juntarem à frente do palco e mandarem ver em covers dos anos 50.
O DVD tem alguns detalhes que desagradam, é verdade, como a qualidade das filmagens (culpa da tecnologia da época) e as horríveis legendas em português (chegam a traduzir “tour” como “digressão”). Nada que estrague o espetáculo, porém. E o som em DTS 5.1 meio que compensa esses aspectos.
porque é duca
Se dois shows pelo preço de um não são o suficiente pra você, ainda tem 3 extras ducas pra completar o pacote.
The Final Tour: o extra mais legal, com apenas 12 minutos. Alguns momentos desse minidocumentário escolhidos a dedo:
- Freddie sozinho no palco, estádio vazio, treinando os ÊÔs que usaria pra brincar com a plateia.
- Trechos do último e derradeiro show do Queen no descampado de Knebworth. E pelo pouco que se vê, dá pra afirmar que foi O SHOW.
- Fatos como: no que foi a última turnê do Queen, a grande maioria dos shows foi em estádios de futebol, coisa que pouquíssimas bandas faziam na época.
- A festa pós-show de Wembley, com a banda improvisando um karaokê, mulheres de lingerie brincando de carrinho bate-bate e lutando numa piscina de lama, e um John Deacon bebaço (Roger Taylor entrega o colega, dizendo que havia um minibar atrás do amplificador durante o show e um roadie que ia abastecendo o baixista de coquetéis de vodca, o que deixou John loucão ao final da apresentação). Só faltaram os anões besuntados em óleo com bandejas de prata com cocaína, como dizem as más línguas.
- A banda se preparando para entrar no palco no camarim, com toda aquela eletricidade e tensão e expectativa cortando o ar.
- A ponta de tristeza, depois de tantos anos, quando Brian May e Roger relembram que Freddie disse após o último show que não conseguiria mais continuar se apresentando ao vivo.
- E claro, as entrevistas com Mercury, que deixam um gostinho agridoce, mistura do humor arrogante do passado e a sensação de perda do presente.
The Wembley Weekend: uma análise de 25 minutos, quase música-a-música. Traz detalhes bacanas como esse que foi totalmente novo pra nós: vocês sabiam que a gravação original de We Will Rock You não tinha a famosa bateria? Só pés e mãos. Roger explica que é difícil emular o som no instrumento, que tem que ter um delay, mas quando o público entra junto, fica muito próximo do resultado obtido em estúdio.
Rehersal Footage: por fim, 15 minutos de ensaio. Material raro e curioso, com os improvisos, o rock cru e um Freddie Mercury no auge da voz (aí sim!).
Melhores citações:
“Deixe-os surdos e cegos. E querendo mais.” (MAY, Brian; TAYLOR, Roger)
“Somos performáticos. Lógico que qualquer um poderia tocar as canções do show sentado. Mas qual seria a graça?” (MERCURY, Freddie)
“Nós somos o Cecil B. DeMille do rock’n’roll.” (MERCURY, Freddie)
Você saberia me dizer o número aproximado de público no Live At Wembley Stadium???
Se puder me responder por e-mail fico imensamente agradecida.
Acho que tenho essa informação em algum lugar, verei o que posso fazer. Mas já adianto que as duas noites foram ‘sold-out’ 😉