Mudinhas de Espinafre são pílulas pop, comentários (nem sempre) curtos e sem profundidade sobre coisas bacanas que você deveria ver, ouvir, ler. Ou não.
Vamos a elas!
hq
Hellboy – Caçada Selvagem
Agora que Os Mortos Vivos começa a aparecer com mais frequência nas livrarias e lojas de gibi (o volume 8 já saiu há um tempo e ainda nem comprei!), Hellboy herdou o título de publicação nacional mais atrasada e esporádica.
Esse volume encadernado saiu nos EUA em 2010 (as edições avulsas saíram entre 2008 e 2009), chegou aqui esse ano e está na minha pilha de coisas atrasadas há alguns meses. Felizmente, é bem recheado: são 194 páginas, incluindo capas originais e esboços comentados.
A história é ótima, acrescenta muita coisa ao cânone –desenvolvendo passado e futuro do personagem— e ajuda a relembrar porque Hellboy é uma das melhores obras do gênero de horror que se tem por aí (muito ao contrário dos filmes, mas isso fica para um próximo post).
Leitura recomendadíssima, porém fica o alerta: Caçada Selvagem não é o volume ideal para começar se você nunca leu nenhum gibi da criação/criatura de Mike Mignola —muitas referências a histórias anteriores.
filmes
Missão: Impossível 4 – Protocolo Fantasma
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Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (Legendado)Brad Bird Ação e aventura Lançamento: 2011
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E eis que finalmente consegui assistir à nova empreitada do agente Ethan Hunt, dessa vez pelas mãos e olhos de Brad Bird, diretor das excelentes animações O Gigante de Ferro, Os Incríveis e Ratatouille (e, diretamente dos anos 90, do curta/clipe Do The Bartman, lembra?), que debuta na direção de filmes live action.
E que debute! Equilíbrio entre ação espetacular e espionagem cabulosa, com pitadas de humor e drama, capaz de rivalizar com o 1º do Brian De Palma (e genial, enquanto filme de ação). Tom Cruise volta a fazer cenas impossíveis e Jeremy Renner dá mais um passo pra se tornar O astro de ação dessa década —vejamos como se sairá em seu teste de fogo, substituindo Matt Damon em O Legado Bourne.
Up – Altas Aventuras
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Up – Altas Aventuras (Dublado)Pixar Infantis e família Lançamento: 2009 |
Depois de assistir Up pela 49ª vez, cortesia do meu filho, o Espinafrinho, cheguei às seguintes conclusões:
- Up é o Cinema Paradiso do século XXI. Porque tem um herói da 3ª idade que redescobre o prazer pela vida através dos olhos de um guri. Porque faz derramar uma profusão de lágrimas. Porque tem história encantadora. E porque tem uma trilha orquestrada marcante e magnífica, muito embora o competente Michael Giacchino (que também é responsável pela trilha de M:I 4) não seja um Ennio Morricone.
- Os extras são bacanas: o processo criativo é esmiuçado, e os curtas da Pixar sempre são boa pedida. Mas esperava mais pra um Blu-ray disc duplo.
- É dos poucos filmes em que abro mão do som original. A dublagem está muito bem feita, e tive que recorrer aos créditos para descobrir que a voz nacional do Sr. Fredricksen é de Chico Anysio.
- É, sem dúvida, meu filme preferido da Pixar.
hq digital
Channel Zero
Saiu semana passada pela Dark Horse esse encadernado monstro com o 1º trabalho de Brian Wood nos quadrinhos.
Não sabe quem é? Bem, o chapa escreveu ZDM e Vickings (DMZ e Northlanders no original) para a Vertigo, X-men, a mais recente fase do Conan e o indie Local, um relato sobre 10 anos na vida de uma menina comum.
(de tudo isso, só li Vickings. Tem seus altos e baixos)
Além disso, desenhou as capas de uma das minhas séries favoritas —Frequência Global, do Warren Ellis— e até foi responsável pelo design de vários games, entre eles o arrasa-quarteirão Grand Theft Auto.
E demonstra ser um cara inteligente no twitter.
Apresentações feitas, de volta a Channel Zero: são 293 páginas reunindo as 5 edições + uma prequel + extras, raridades e histórias curtas + introdução de Warren Ellis (só ela já me fisgou). Tudo em branco e preto.
Até o presente momento, li apenas a 1ª parte. E devo dizer que, além de estar gostando muito, Channel Zero estava a frente de seu tempo e vem muito bem a calhar nesse mundo pós-11 de setembro.
Publicada em 1997, a trama gira em torno de um Patriot Act elevado a décima potência. O governo conservador americano passou a controlar e censurar toda a mídia, fechou fronteiras, acirrou o xenofobismo e se autodeclarou a nova terra prometida cristã, execrando tudo o que é contra o bom povo temente à Deus. Ou seja, os Estados Unidos se tornaram um país fundamentalista, o que o os deixa à beira de justificar qualquer atrocidade em nome de seus princípios, cuja interpretação é ampla o suficiente para justificar qualquer coisa.
Tudo isso cria reflexos profundos na política global. Dentre eles, uma resposta russa: a União Soviética ressuscita, sob a bandeira da Nova Belarussa. E a Guerra Fria volta repaginada.
Nesse cenário, aqueles de espírito libertário buscam hackear os sinais de satélite para ter acesso a rádios e tevês europeus, ainda uma fonte de notícias independente. Uma fuga do canal zero —uma metáfora para a programação pasteurizada e emburrecedora, composta por fofocas de celebridades, amenidades, reality shows, videoclipes, talk shows, notícias sem profundidade, o main stream.
E dentre esses libertários, temos uma alma mais arrojada, que pretende praticar um ato de “terrorismo” divulgando a verdade em plena rede americana.
A sinopse está aí. As impressões iniciais: a arte abusa do alto contraste, numa vibe meio Sin City. E às vezes é um pouco confusa. O tema é 10, resta saber se o desenvolvimento manterá o pique. Brian Wood coloca uma solução gráfica interessante em todas as páginas (pelo menos, nessa 1ª parte que eu li): há pelo menos uma frase com palavras de ordem contra “o sistema” espalhadas pelos cenários, numa espécie de propaganda subliminar. E a última coisa digna de nota: hq digital é o meio ideal para arte em P&B —o contraste e o brilho da tela de um iPad fazem toda a diferença, principalmente se considerarmos que a qualidade do papel e da impressão nem sempre são as melhores, e que são cruciais para esse tipo de arte sem firulas.
Quando terminar de ler, dou a espinafrada definitiva.
séries
Preamar
Faço aqui um mea culpa depois das últimas Mudinhas.
Acontece que só o episódio piloto foi meio irregular.
O que o marketing dava a entender é que teríamos a história previsível do cara que ficou rico explorando o mercado financeiro, quebrou, e que agora reconstruiria sua fortuna explorando tráfico de drogas na praia utilizando conceitos de gestão e administração de empresas.
Na prática, a ideia de Velasco (o ex-bacana) é explorar um negócio e um nicho de mercado de forma até que mais ou menos honesta. Bandidagem, prostituição e tráfico de drogas dão as caras (o último na figura de seu filho playboy), mas como ameaças ao investimento de Velasco pai.
O que me pegou nessa série são as relações intrincadas entre os personagens (sejam as familiares, sejam nos negócios) e o terreno movediço, ou mais como gelo fino, onde o protagonista decide fincar os alicerces de sua salvação financeira. Cada episódio deixa tudo a um triz de desmoronar.
Outro ponto positivo e que vai na mesma linha é que o herói (se é que se pode chamar Velasco assim) tem falhas, no sentido de que nem sempre está preparado pra encarar todas as situações que aparecem. Não é um Bruce Wayne carioca.
Com a nova lei do audiovisual enfiando conteúdo nacional goela abaixo dos canais a cabo, há sempre a esperança de que as produtoras independentes aproveitem a chance para gerar produtos de qualidade como Preamar.
(embora, ironicamente, Preamar não se enquadre na lei, por ser co-produção de um canal estrangeiro)
Game of Thrones
A 2ª temporada se encerrou domingo retrasado e precisei de um tempo pra absorver tudo e preparar um balanço.
Tivemos mais elementos mágicos, sem deixar de lado as tramas políticas, que se intensificaram em meio à guerra pelo trono de ferro.
Guerra que teve seu ponto alto no penúltimo e bombástico episódio, a batalha da Água Negra, cuja produção ficou a um passo de rivalizar com a batalha das Duas Torres n'O Senhor dos Aneis. Em termos cinematográficos e estratégicos.
Tivemos muitas traições e putaria pra dar um tempero. O anão Tyrion está cada vez melhor, assim como o mimado rei Joffrey fica cada vez pior. E a situação de ambos na corte parece uma verdadeira gangorra.
Os dragões finalmente mostraram a que vieram no último episódio, que se não foi tão visceral quanto o encerramento da 1ª temporada, delineou uma série de possibilidades para o ano que vem e estabeleceu um novo status quo.
Acho que o que melhor descreve o quanto Game of Thrones é bom é o quanto me faz sentir um pateta por ainda não ter começado a ler os livros.
E caso ainda não tenha registrado nesse blog, deixo os mais sinceros parabéns à HBO brasileira por transmitir a 2ª temporada simultaneamente à matriz americana. Um verdadeiro case de sucesso contra os defensores da pirataria: é “só” oferecer serviço e conteúdo de qualidade de forma conveniente para o cliente.
Pra melhorar, só falta aportar por aqui o serviço de streaming HBO Go. Quando isso acontecer, e se houver a possibilidade de assinar o serviço independente da TV à cabo, serei o primeiro na fila a pagar com gosto, ao mesmo tempo em que chutarei de vez da minha vida a NET (e similares) e seu desrespeito contínuo ao consumidor.