Mudinhas de Espinafre [08.07.12]

Mudinhas de Espinafre são pílulas pop, comentários (nem sempre) curtos e sem profundidade sobre coisas bacanas que você deveria ver, ouvir, ler. Ou não.

Vamos a elas!

TV

Saturday Night Live – by Rafinha Bastos

O que dizer de um Saturday Night Live que é gravado e passa de domingo à noite? Pra ficar mais estapafúrdio, só faltou ir ao ar pela manhã.

Problemas de tradução, licenciamento e programação à parte, resolvi dar uma chance pra nova velha atração de Rafinha na TV.

Mesmo tendo lido toda espécie de crítica desancando o programa. Coisas do tipo “consegue ser nível Zorra Total“.

Não tive paciência pra assistir mais do que 5 minutos. E não foram nem 5 minutos sequenciais: 2 no começo, 2 no meio e 1 no fim.

As notícias são mais do que verdadeiras. Não me lembro de ter assistido a algo tão chato, sem graça e sem timing em tempos recentes. O merchandising de guaraná autodepreciativo, ao estilo CQC, só piora o quadro. E o que é aquela falsidade coletiva no final, emulando a despedida do SNL original de forma histriônica? É tudo tão completamente errado que dá até preguiça de falar mal. Nem ódio desperta.

Perto da atração (sic) da RedeTv, o Zorra Total é o Chico Anysio Show. E A Praça É Nossa é Monty Python.

música

The Vaccines – What Did You Expect From The Vaccines?

Cover Art

What Did You Expect from The Vaccines?

The Vaccines

Alternativo

Lançamento: 2011

O que você espera dos Vaccines? Respondendo à pergunta que dá título ao álbum da banda, esperava muito! O hype de novo Strokes mais o Howler abrindo shows dos caras na Inglaterra parecia uma combinação explosiva.

Não é o caso. Pra começo de conversa, se for para comparar bandas e estilos, The Vaccines está mais para uma mistura de Stone Roses com os finados Libertines. O problema é que a mistura pega o pior lado de cada uma.

Tecnicamente, não são ruins, mas é um dos discos mais enfadonhos que já ouvi. Não tem punch, não tem energia, as melodias são pobres. A voz do vocalista soa como um longo lamento que continua faixa após faixa após faixa. Monótono e monocórdio.

O ponto alto, se é que existe, é a “música” de abertura —Wrecking Bar (Ra Ra Ra). Entre aspas, porque parece mais uma vinheta: com 1 minuto e 21 segundos, é uma pancada que parece durar 30 segundos. Pra ser justo, a segunda música (If You Wanna) também é boa, embora se estenda por uma eternidade com seus 2:19.

O restante do disco dá tanto sono que a banda poderia trocar de nome para The Anesthetics, The Lidocaines ou The Morphines, para continuar no campo farmacológico.

Imagino que os shows com abertura do Howler devem ter transmitido a mesma sensação de Jerry Lee Lewis encerrando Great Balls of Fire com o piano incendiado para Chuck Berry fechar a noite, cena memorável de um filme razoável: A Fera do Rock.

(aliás, se você está atrás de um disco de rock incendiário pra espantar a pasmaceira dos Vaccines, mais do que recomendo a trilha original d'A Fera do Rock, gravada pelo próprio Jerry Lee Lewis com uma qualidade de som absurda e versões definitivas com arranjos matadores para seus próprios sucessos)

Cover Art

Great Balls Of Fire (Original Motion Picture Soundtrack)

Various Artists

Trilha sonora

Lançamento: 1912

As inéditas do Blur

Cover Art

Under the Westway – Single

blur

Rock

Lançamento: 2012

Eis que o Blur retorna (ou não) da aposentadoria, com duas músicas inéditas e uma infinidade de boatos sobre novo disco. Retorno definitivo ou apenas curtição? Em se tratando de Damon Albarn, Graham Coxon e cia., o futuro é sempre incerto.

O bacana do Blur é que a maioria das composições são inventivas e/ou cativantes, acompanhadas por letras espertas. Basicamente o oposto do pessoal aí de cima.

Albarn é um cara talentoso e com sensibilidade para a música pop, tanto é que alcançou o sucesso pela segunda vez com o Gorillaz. E como toda pessoa com excesso de talento, também é um pouco desconectado da realidade e de vez em quando sofre do efeito McFly: quando o artista despiroca, perde o contato com o chão e começa uma masturbação metafórica sobre sua própria arte, fechando temporariamente a conexão com o público. O efeito McFly, uma homenagem ao Marty de De Volta para o Futuro e seu solo alucinado durante a execução de Johnny B. Goode, é um fênomeno relativamente comum, que acomete até os melhores. Inclusive, é uma explicação plausível para Revolution 9 no Álbum Branco dos Beatles, por exemplo.

De volta ao Blur. As duas músicas inéditas são uma amostra representativa da obra da banda.

Under the Westway é uma balada linda, quase etérea. Começa com um piano calmo e aos poucos vai tomando um ar épico, a medida que a harmonia cresce.

The Puritan é mais experimental, quase rock industrial com sua batida intermitente, perigando perder o rumo. Lembra bastante o tipo de música feita no álbum 13, um flerte com a eletrônica.

De uma forma ou de outra, é bom saber que a melhor banda do britpop ameaça uma volta triunfal depois do fraco Think Tank, que marcou o 1º fim da banda, após Graham Coxon abandonar a turma no meio da gravação.

 

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