O sleeper hit desta temporada do verão americano foi uma surpresa. Nada de explosões mirabolantes, tiroteios ensurdecedores, nem mesmo uma comédia grosseira e ultrajante. O escolhido da vez é um terror, com a assinatura do mesmo diretor do primeiro Jogos Mortais —James Wan. Mas está muito longe de ser um torture porn. Isso seria um ledo engano.
Invocação do Mal é um terror sobrenatural, no sentido mais clássico desse sub-gênero. Ele ficaria bem acompanhado ao lado de Poltergeist e Amityville.
Aliás, parte do charme deste filme se deve ao famoso “baseado em fatos reais“. Esse termo tem sido usado à exaustão, e muita vezes de forma meramente publicitária e equivocada, somente como ferramenta de divulgação. Invocação do Mal baseia-se nos arquivos reais de Ed e Lorraine Warren, um famoso casal de investigadores paranormais. Casal este que também investigou os eventos de Amityville e Connecticut, já transformados em versões cinematográficas.

O verniz de realidade deixa ainda mais sólido o relato da família Perron, que mudou-se para uma antiga propriedade em Harrisville, só para ser atormentada por estranhos eventos como ruídos, relógios que sempre param na mesma hora da madrugada, objetos que são derrubados do nada, pontos gelados da casa, cheiros fétidos, e por aí vai.

Nada do que se testemunha em Invocação do Mal é novo, pelo contrário: a galeria de sustos que ele proporciona é clássica e conhecida, com exceção de uma ou outra novidade. Entretanto, a eficiente condução da narrativa, bem como sua execução, é que garantem a qualidade do resultado final.
James Wan opta por dar bastante peso à construção dos personagens, além de contar com um elenco de respeito: Patrick Wilson e Vera Farmiga como o casal Warren, e Ron Livingston e Lili Taylor como os pais da família Perron.
E especialmente as atrizes é que dão sustentação para a história (aliás, elemento chave no cinema de horror): Farmiga faz a sensitiva que eventualmente sofre com o dom que possui, e Taylor constrói a trajetória perturbada de Carolyn Perron, a pessoa mais afetada pelas assombrações.
Além disso, Wan conduz a narrativa com calma e sem atropelos, oferecendo dois focos narrativos (do lado dos Warren, e do lado dos Perron), até ambos se unirem no momento da investigação. E ainda utiliza bem os recursos à disposição: oferece um plano-sequência genial no momento da chegada dos Perron na nova casa, e insere a trilha incidental somente quando necessário, sem excessos. Muitas vezes, o silêncio é mais arrepiante do que uma música de fundo.
E uma grande sacada: os efeitos visuais explícitos são usados com parcimônia. Wan sabe que a sugestão do que está à espreita é muito mais eficaz do que mostrar um monstro digital ou alguém carregado com uma maquiagem sinistra. Menos é mais.
Invocação do Mal é um back to basics nas histórias assombradas, com um elenco bem azeitado e uma direção segura.
E fica um lembrete: você nunca mais vai pensar num jogo de esconde-esconde da mesma forma.
[conheça a verdadeira Lorraine Warren no vídeo acima]
Invocação do Mal estreia nos cinemas nesta Sexta-feira 13 (!)
Depois da discussão sobre horror versus terror no último post (https://espinafrando.com/2013/09/dica-duca-hellblazer/), cabe um esclarecimento: o @arijon é um dos que discordam de mim sobre a definição das palavras. Mas como disse no próprio post, o sentido é puramente subjetivo, já que, para os dicionários, ambas são sinônimos.
M E D O !!!!