Mudinhas de Espinafre [23.12.13]

Mudinhas de Espinafre são pílulas pop, comentários (nem sempre) curtos e sem profundidade sobre coisas bacanas que você deveria ver, ouvir, ler. Ou não.

Nesta edição, só conteúdo do Netflix: 2 filmes recentes e 1 série original.

filmes

Bling Ring – A Gangue de Hollywood

O 5º filme de Sofia Coppola parece sacramentar uma tendência: a diretora perdeu a mão. Se em Um Lugar Qualquer já eram raros os lampejos de genialidade, Bling Ring —baseado na história real da gangue de adolescentes ricos e mimados de Beverly Hills que assalta casas de famosos— se mostra terra árida. Tão vazia, aliás, quanto a juventude alienada que retrata.

Nem em seus pontos fortes, as escolhas de Sofia conseguem êxitos:

  • A direção de atores varia do burocrático inexpressivo (com a maioria do elenco) ao overacting histriônico de Emma Watson e Leslie Mann.
  • A trilha abusa do rap, em exaltação da cultura do gangsterismo, como bem apontou Marcelo Hessel nesta crítica.

Abre o olho, Sofia! Queremos mais Encontros e menos Desencontros no próximo projeto.

O Lugar Onde Tudo Termina

3 filmes medianos pelo preço de 1. É a oferta apresentada pelo diretor Derek Cianfrance em O Lugar Onde Tudo Termina.

No 1º ato, temos o rebelde sem causa Ryan Gosling envolvido numa trama de paternidade-surpresa com Eva Mendes (ele, piloto de globo da morte num circo itinerante; ela, ex-periguete que engravidou da última vez que o circo passou pela cidade).

O 2º ato traz o conflito polícia X bandido, quando o personagem de Ryan Gosling parte para ousados assaltos a bancos, a fim de descolar grana pra conquistar o filho e sua mãe, e quando Bradley Cooper é adicionado à receita (policial certinho, que tem de lidar com a fama repentina, a banda podre da corporação, as expectativas do pai promotor e os conflitos da paternidade).

No 3º ato, anos depois, vemos as consequências da trama envolvendo a 2ª geração, já adolescente. Na pauta: drogas, conflitos de classe, bullying, política.

O Lugar Onde Tudo Termina é previsível e esquemático, mas não deixa de ter densidade dramática.

séries

Orange Is the New Black

Mais uma série original do Netflix, Orange Is the New Black vem da mesma safra de dramédias divertidas com protagonistas femininas que contém Weeds. Não por acaso, já que é da mesma showrunner: Jenji Kohan.

OITNB se passa num presídio feminino e conta a história de Piper Chapman (Taylor Schilling), loirinha classe média-alta meio hipster que vai para a cadeia por ter sido cúmplice de tráfico de drogas. Ou algo assim. A cada episódio, a trama se divide entre mostrar a adaptação de Chapman ao cotidiano da prisão (com todo seu código oculto de regras sociais), as relações entre as detentas, os papéis dos carcereiros, flashbacks que mostram a história prévia das personagens e iluminam seus caráters (minimizando os estereótipos deixados pelas primeiras impressões) e as desventuras de seu noivo do lado de fora (escritor fracassado vivido por Jason Biggs, de American Pie).

Orange Is the New Black (cujo título vem das roupas laranjas utilizadas pelas detentas novatas) também sofre do esquematismo da Mudinha anterior, além de tratar o drama com leveza e a comédia com sobriedade. A ousadia aparece somente nos peitos desnudos que vira e mexe dão o ar da graça —incluindo (mas não se limitando a) os de Laura Prepon, ex-Donna Pinciotti de That '70s Show, que aqui faz a ex-namorada traficante da protagonista. Ainda assim, OITNB é bem feito, diverte e vicia! E o tema de abertura, o rockinho indie “You’ve Got Time” by Regina Spektor, é duca!

 

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